Soha Chabrawi

Trabalho foca em aspecto relacionado ao abate Halal


Durante o CTEC Halal,   a gerente técnica da qualidade da FAMBRAS Halal, Soha Chabrawi, apresentou um trabalho comparativo entre o box giratório e o convencional utilizados durante o abate Halal. Ambos são aparatos que contêm o boi a fim de não oferecer riscos ao degolador.

Soha Chabrawi é bacharel e licenciada em Ciências Biológicas, pela Universidade de Brasília, mestre em Neuropsicofarmacologia pela Universidade de Brasília e doutora em Neurociência e Cognição pela Universidade Federal do ABC. Trabalha na certificadora há sete anos.

 

Dra. Soha, o que a levou a escolher este tema para o seu trabalho? Qual foi sua intenção por meio dele?

Atualmente, temos muitas plantas que utilizam a insensibilização pneumática devido ao risco de degola do boi vivo. Como alguns dos nossos mercados não autorizam o uso deste tipo de insensibilização, a alternativa seria a de utilizar um box giratório para que o animal não tenha acesso ao degolador, diminuindo os riscos para ele. Além disto, é comprovado cientificamente os benefícios para o animal - ele sente menos dor ao ser degolado vivo do que com insensibilizador – e para a qualidade da carne também.

 

Você pode nos explicar, didaticamente, o que é a caixa convencional?

A caixa convencional é um aparato no qual o animal entra e fica contido para que assim ocorra a degola. Alguns pesquisadores a denominam caixa de contenção. Nesta caixa convencional, o animal fica posicionado na sua forma usual, com as patas no chão, e sua cabeça fica apoiada na queixeira para que seja realizada a degola.

 

E o box giratório?

O box giratório é uma caixa de contenção que gira 180 graus, fazendo com que o animal fique com as patas para cima. O acesso ao pescoço fica facilitado, ergonomicamente falando, para o degolador. Pesquisas demonstram que, em algumas situações, esta posição pode até ser menos estressante para o animal. Outras esquisas demonstraram um aumento no nível de corticosteroide. Desta forma, não se tem uma opinião muito clara frente a este tópico. Mas, o que se sabe, é que ele é muito eficiente na tentativa de substituir a utilização de qualquer tipo de insensibilizador.

 

No seu trabalho, você demonstrou duas preocupações. A primeira foi com o bem-estar do animal. O que o abate Halal determina com relação a isso?

O abate Halal e o bem-estar animal andam de mãos dadas. Um sem o outro não existe, pois a maior premissa do abate Halal é ser um ritual que respeite o animal e que ele sofra o mínimo possível. Todas as etapas do abate Halal respeitam as premissas do bem-estar animal: o tempo de descanso antes da degola, a forma de posicionar um animal no box ou na nória, no caso das aves, a não restrição hídrica antes do abate, o cuidado para que o animal não veja ou sinta cheiro de sangue antes de ser degolado ou ainda que não veja o instrumento de degola a ser utilizado, ou seja, a faca. Todos esses cuidados são requisitos obrigatórios do abate Halal e que colaboram para o menor sofrimento possível do animal antes da degola.

 

Qual foi a conclusão que você chegou por meio de seu estudo? O que é preciso fazer para garantir este bem-estar do animal?

O estudo em si não foi focado no bem -estar animal, pois isto já é garantido com o abate halal. Mas o trabalho fez a comparação entre o estresse do animal comparativamente num box convencional e num box giratório. A estatística não demonstrou que o animal degolado no box giratório tenha sofrido menos do que aqueles degolados no box convencional, mas o nosso número foi muito baixo para poder garantir algo com assertividade. Mas existiu uma tendência que demonstrou que aqueles abatidos no box giratório poderiam sofrer menos a partir de vários parâmetros de estresse analisados. Além disto, o esforço físico do degolador foi notoriamente menor neste aparato.

 

No seu trabalho, você afirmou que “a caixa rotativa utilizada no Brasil, quando comparada à caixa convencional, apresenta vantagens simples em termos de ergonomia, sendo mais segura para o abatedor, pois causa menos lesões nas costas e no punho”. Como fazer esta informação chegar aos locais de abate para preservar a saúde deste degolador? Quais são as expectativas neste sentido?

A partir de muito treinamento e conscientização dos frigoríficos.

 

Por fim, qual é a avaliação que você faz sobre o CTec Halal?

Por ter sido o primeiro, eu realmente considero que foi muito bem organizado, inclusive pela variedade de temas que foram apresentados. Contudo, foi possível perceber que muitos dos avaliadores não leram os trabalhos e acredito que isto tenha influenciado nas perguntas finais. Outro ponto é que o tempo de apresentação também foi muito pouco para que pudesse ter sido explanado um trabalho complexo. Sugiro reavaliarem esses pontos. 

Menu de Trabalhos
Share by: